quarta-feira, 13 de junho de 2012

O espaço dos mosteiros

A definição e caracterização dos seus espaços e as relações que estabeleceram entre si, a organização do conjunto, deveria conduzir à predisposição para o conhecimento e para a revelação e para o conhecimento. Deste Saint Gall, o designado plano ideal, do Mosteiro Suíço do século IX101, que a organização do espaço do Mosteiro, dos seus diversos edifícios, das suas diversas funções, demonstra um modelo submetido à vida contemplativa; uma ordem espacial que se estrutura na proporção geométrica, no número, na determinação funcional do cerimonial litúrgico e da utilidade sagrada das práticas monásticas, uma ordem que é reflexo e revela o edifício ordenado que é a criação. Os mosteiros representam, com esta concepção e estrutura espacial, uma máquina de sagrado e de sagração; um modelo de comunidade salva da perdição dos rigores da natureza do milénio que, pelos ritos colectivos e pela regra de vida se enlaçam no conhecimento divino em todos os aspectos da vida quotidiana, numa participação diária dos mistérios de Deus suportada pelos espaços sagrados dos mosteiros. Os homens têm assim o meio de sair da sua natureza, tornando-se eles próprios profetas, isto é, anunciadores de Deus; o mosteiro é, no seu conjunto, um lugar construído com a vocação do pensar colectivo, da contemplação, da procura de compreensão pela apreensão da grandiosidade divina - a exegese que na Idade Média substitui o raciocínio; um reduto de desenvolvimento do conhecimento, um edifício gerador de saber.

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